De forma simplificada, a Árvore da Vida (Etz Chaim, em hebraico) é o diagrama que representa o fluxo da criação do universo. Na Cabalá, tudo o que existe na dimensão espaço-tempo — a realidade percebida pelos sentidos — passa por nove estágios, sendo a existência física o décimo.
As dez sefirót da Árvore da Vida
As sefirót podem ser entendidas como estações de um processo contínuo: dez níveis de consciência que revelam diferentes atributos da criação. Sefirá significa “número” ou “contagem”, derivado de safar, e também pode ser interpretada como “recipiente”, “forças fundamentais” ou “emanações divinas”.
Algumas sefirót se complementam em pares que regulam mutuamente suas energias: Chochmá e Biná, Chesed e Gevurá, Netzach e Hod.
- Kether (Coroa) — Potencial indiferenciado, semente do que pode vir a ser, além da compreensão humana.
- Chochmá (Sabedoria) — Centelha criativa que dá início à criação.
- Biná (Entendimento) — Nutrição, análise e discernimento entre verdadeiro e falso.
- Chesed (Misericórdia) — Amor, generosidade, expansão e espiritualidade.
- Gevurá (Severidade) — Restrição, disciplina e energia direcionada a objetivos específicos.
- Tiferet (Beleza) — Integração, equilíbrio interior e compaixão.
- Netzach (Vitória) — Coragem, perseverança e domínio de si mesmo.
- Hod (Glória) — Motivação estratégica, responsabilidade e refinamento ético.
- Yesod (Fundamento) — Alianças, segredos e compromisso; ponte entre físico e sutil.
- Malchut (Reino) – Mundo da forma e dos sentidos, receptor final da energia da criação.
Moshe Cordovero (Ramak, 1522–1570) explicou a dinâmica das sefirót com a metáfora da água: “Imagine água que escorre por vasos de diferentes cores. A água adquire a cor do vaso, mas não muda em sua essência. Assim são as sefirót: a essência permanece, mas nossa percepção muda conforme o recipiente que a recebe.”

Modelos da Árvore da Vida: Ramak e Lúria
Na história da Cabalá, existem dois modelos centrais da Árvore da Vida. Ramak organizou a Cabalá de forma racional e contemplativa, enfatizando o estudo intelectual das sefirót. Lúria introduziu uma visão dinâmica e mística, centrada no tikun (retificação do mundo) e na experiência espiritual prática, em que cada ação humana contribui para a harmonia cósmica.
Após a morte de Ramak, seu discípulo Chaim Vital relatou uma visão em que Ramak afirmou que ambos os sistemas são válidos, mas o de Lúria é mais profundo, apropriado para aqueles que avançam nos estudos cabalísticos.
A Árvore luriana e os caminhos das letras
O modelo luriano organiza 10 sefirót e 22 caminhos, de forma que cada letra hebraica se relaciona simbolicamente com os pontos que conecta. A Árvore possui três colunas: direita (expansão), esquerda (contração) e central (equilíbrio). Os níveis vão do físico (Malchut) ao Absoluto (Kether).
- 3 Letras Mães — linhas horizontais, conectando expansão e contração;
- 7 Letras Duplas — caminhos verticais, do alto para baixo (criação) ou de baixo para cima (elevação espiritual);
- 12 Letras Simples — diagonais, conectando diferentes colunas e níveis.

Na prática oracular, os caminhos funcionam como tubos que conduzem a energia de Kether até Malchut. O fluxo é regulado pelos atributos das letras, permitindo interpretações aplicáveis à vida cotidiana e ao aconselhamento através do oráculo Otiot.
Por que escolher o sistema luriano
O sistema de Lúria oferece coerência, profundidade e integração simbólica das letras e sefirót. Sua estrutura permite compreender como cada caminho reflete atributos espirituais e energéticos, alinhando a Cabalá com práticas de autoconhecimento e transformação pessoal.
Para quem trabalha com o Oráculo Otiot, esta escolha potencializa interpretações precisas e aplicáveis, garantindo consistência entre a energia das letras hebraicas e os atributos das sefirót conectadas.
Possam todos se beneficial!
Destaque: Imagem criada por IA











