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Kislev: o milagre de Chanucá e as letras Samech e Gimel

Kislev é conhecido como o mês dos milagres no calendário judaico. Nesse período celebramos Chanucá, a festa das luzes que reafirma a vitória espiritual sobre a opressão e a força da luz diante da escuridão.

Além disso, o mês traz em destaque duas letras hebraicas: Samech e Gimel. Cada uma delas amplia o entendimento desse tempo de transformação e confiança.

O milagre de Chanucá

No século II a.E.C., Antíoco IV tentou impor a helenização à força. Ele invadiu Jerusalém, profanou o Segundo Templo e proibiu a prática do judaísmo. Entretanto, a resistência liderada por Yehudá Macabeu e seus irmãos conseguiu retomar a cidade e purificar o Templo.

Em seguida, ao reinaugurar o altar, os sacerdotes encontraram somente uma ânfora de óleo puro. Ela continha quantidade suficiente para um único dia. Mesmo assim, decidiram acender a menorá. O inesperado aconteceu: a chama permaneceu acesa por oito dias, tempo necessário para preparar novo óleo.

Portanto, Chanucá recorda a vitória da fidelidade espiritual sobre a adversidade. Para saber em que mês estamos, informe-se no Chabad.

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Samech e Gimel no Oráculo Otiot

Samech: apoio e proteção

A letra Samech se associa a Kislev e ao signo de Keshet (“arco” ou “arqueiro”). Keshet também significa “arco-íris”, lembrando a promessa de que o dilúvio nunca mais destruiria toda a vida. Assim, Samech traz a ideia de transcendência e de confiança em algo maior.

O Salmo 145 afirma: “Somech Adonai lechol hanofelim” — “O Eterno ampara todos os que caem”. Ou seja, Samech representa o apoio divino e a restauração da dignidade.

Sua forma circular reforça esse simbolismo de duas maneiras. Primeiro, lembra um círculo de proteção, no qual D’us sustenta Israel. Depois, evoca uma aliança, pacto que exige compromisso e confiança mútua.

Além disso, Samech é inicial de sod (“segredo”), palavra que aponta para os mistérios espirituais. Com isso, a letra indica acesso ao que está além da leitura literal da Torá.

Gimel: justiça e generosidade

A letra Gimel, regida por Tsedek (Júpiter), expressa o princípio da justiça. Daí vem a palavra tsedacá, muitas vezes traduzida como “caridade”, mas que significa “fazer justiça”. Em outras palavras, quem possui divide com quem precisa porque isso é o correto.

No midrash, Gimel aparece como o rico que caminha até o pobre, Dalet, para ajudá-lo. Seu formato lembra uma perna em movimento, sempre pronta para agir.

Além disso, duas palavras derivadas mostram sua força simbólica:

gemul: consequência — toda escolha gera recompensa ou punição;
gamol: nutrir e desmamar — a ajuda sustenta no início, mas deve levar à autonomia.

Por fim, Gimel também se relaciona a Gedulá (“Grandeza”), um dos nomes de Chesed. Essa ligação aponta para a capacidade de expressar bondade amorosa e expandir a vida a partir da generosidade.

Chanukiá: a luz multiplicada

A menorá original tinha sete braços e permanecia acesa no Templo. Após sua destruição, não acendemos mais menarot (plural de menorá) físicas. Para Chanucá, usamos a chanukiá, com nove braços: oito correspondem aos dias do milagre e um abriga a vela auxiliar, o shamash.

No primeiro dia, acendemos apenas uma vela com a vela shamash. No segundo, duas. Assim, seguimos até o oitavo dia, quando todas as luzes brilham juntas.

Essas chamas não iluminam tarefas cotidianas. Pelo contrário, convidam à contemplação e testemunham o milagre de Chanucá. Sempre que possível, a chanukiá deve ser colocada perto de uma janela para que a luz seja vista por todos.

Samech, Gimel e Kislev hoje

Chanucá ensina que a luz deve ser defendida e compartilhada. Samech recorda o apoio e a proteção que sustentam os caídos. Gimel aponta para a justiça e a generosidade que dão dignidade e autonomia.

Em Kislev, portanto, o convite é claro: ampliar a luz interior e iluminar o mundo. Assim como uma vela pode acender muitas outras sem perder o brilho, cada pessoa pode multiplicar dignidade, confiança e solidariedade.

Possam todos se beneficiar!

Destaque: Foto de cottonbro studio

Conteúdo revisado em setembro de 2025
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