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Marcheshvan: significado espiritual das letras Nun e Dalet

Marcheshvan, o segundo mês do calendário judaico, é conhecido também como Cheshvan ou Chodesh Bul. Sua correspondência com o calendário gregoriano varia a cada ano. Veja as datas deste ano no calendário do Chabad.

Dependendo da fonte, encontraremos Mar Cheshvan ou apenas Cheshvan. Existe uma longa discussão sobre a forma correta e o entendimento de que a separação é um equívoco, embora seja amplamente aceita. Outro nome é Chodesh Bul, o “mês do Dilúvio” (mabul), pois segundo a tradição o dilúvio bíblico começou em 17 de Marcheshvan e terminou no dia 27 do ano seguinte.

Mabul, o dilúvio

“E disse Deus a Noach: ‘O fim de toda criatura veio perante mim, porque se encheu a terra de violência por causa deles e eis que os farei perecer juntamente com a terra’” (Bereshit/Gênesis 6:13).

Algumas correntes afirmam que o dilúvio não foi um castigo de D’us, mas consequência inevitável do transbordamento da energia de corrupção presente na terra. É dito que a base do trono do Eterno é formada por várias letras Caf – inicial de kise, que significa “trono” em hebraico. Tudo que geramos energeticamente (pensamentos, palavras e ações) chega ao Trono de Glória e retorna ao mundo físico.

Depois de tanto tempo vivendo em iniquidade, a balança da humanidade não tinha mais como ser reajustada. O que equilibra a balança é o amor, ausente por muito tempo. O homem foi responsável pela sua própria aniquilação.

Noach levou 120 anos para construir a arca. Durante toda a montagem, era questionado sobre o motivo de erguer uma embarcação gigantesca em terra firme. Ele repetia as palavras de D’us, mas as pessoas riam. Se tivessem mudado o comportamento diante do aviso, talvez tivessem evitado a catástrofe.

Após um mês intenso de atividades e conexões em Tishrei, Marcheshvan, um mês sem festividades, lembra que o status recém-conquistado não é permanente. Orai e vigiai sempre, especialmente diante dos atributos de Akrav, como veremos adiante.

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Oráculo Otiot – as letras Nun e Dalet

Nun, a letra regente de Marcheshvan

Nun é inicial de nofelim, os “vacilantes”, e de nefilim, os “caídos”, mencionados na Torá como uma classe de seres controversos. Alguns entendem como filhos de anjos caídos com mulheres humanas, outros, como Lutero, descrevem um povo tirânico de grande estatura.

Mais importante que o debate é considerar a queda espiritual: quem se deixa seduzir pela má inclinação e acaba corrompido. No entanto, Nun é também a letra de Mashiach (“Messias”), que segundo a tradição erguerá o Terceiro Templo em Marcheshvan.

Ainda que Mashiach seja muitas vezes descrito como uma pessoa, o termo aponta para um estado elevado de consciência, ligado à neshamá, o aspecto mais alto da alma. Nun, assim, expressa tanto o abismo quanto o ápice da experiência humana. Representa o confronto com os nossos próprios demônios, onde a crise promove transformação da consciência.

Akrav, o signo de Escorpião

Nun rege o signo de Escorpião – Akrav, em hebraico. Em árabe, akrab significa “guerra” ou “conflito”. Também se associa a akev (“calcanhar”), evocando a promessa de que a serpente morderia o calcanhar do homem (Bereshit/Gênesis 3:15).

O escorpião e a serpente, criaturas do deserto, simbolizam ataques inesperados. A serpente, de “sangue quente”, age com astúcia e argumentos, como no episódio de Chavá (Eva). O escorpião, de “sangue frio”, age por instinto. A fábula do escorpião que pica o cisne mostra que, mesmo sabendo da consequência, não pode ir contra sua natureza.

Esse contraste entre quente e frio pode ser visto como diferença de reação: o quente explode, o frio guarda. Daí o espírito vingativo atribuído a Escorpião, que sabe esperar o momento certo para agir. O escorpiano esconde o que sente e finge indiferença.

Aplicando isso à Nun e a Marcheshvan, precisamos observar nossos “escorpiões”: mágoas e ressentimentos que, represados, acabam transbordando sem controle.

Dalet, a letra regente de Ma’adim (Marte)

Com Dalet e Nun escrevemos dan (“juiz”) e din (“julgamento”). O julgamento, atributo de Gevurá, precisa do equilíbrio de Chesed. Lembrando o dilúvio: o mundo foi destruído pela falta de amor.

Ma’adim significa “ficar vermelho”, ligado a Gevurá, a sefirá do rigor e também do desejo de receber. Dalet é a letra do “homem pobre” (dal). Esse pobre é quem reconhece o que lhe falta e, ao agir, busca o que precisa. Pode, negativamente, repetir a atitude dos nefilim que tomavam pela força, mas, positivamente, não se acomoda.

No mês seguinte, Kislev, vemos a dupla de Nun (Samech) e a de Dalet (Gimel). Gimel, o “homem rico”, vai em direção ao pobre, mas se este não estica a mão, nada acontece. A interação entre Dalet e Gimel aponta para a necessidade de atitude.

Trabalho de casa

Marcheshvan pede cuidado com os instintos. Instinto pode ser definido como impulso natural que orienta a sobrevivência e a ação, sem depender da razão. Quando falamos das gerações pré-diluvianas, descrevemos uma humanidade afastada de sua natureza espiritual. “Noach foi um homem justo (tzadik), perfeito nas suas gerações; com Deus andou Noach” (Bereshit/Gênesis 6:9).

Um tzadik é aquele cujo mérito supera sua iniquidade. Ele vive como qualquer outro, mas por ter consciência de sua natureza divina, não se deixa dominar pelo yetzer hará, a “má inclinação”.

Exemplo extremo: o desejo por sexo é instinto primário. Na época de Noach, o homem mais forte subjugava os mais fracos para saciar sua vontade, inclusive por meio de estupros. Hoje rejeitamos tal comportamento, mas ainda somos condescendentes com outras faltas, justificando que “agimos sem pensar”.

Após as práticas de Tishrei, estamos mais preparados para encarar esses desafios. A abordagem budista sobre moralidade é clara: não se trata de certo ou errado, mas de abster-se do mal, cultivar o bem e beneficiar o coletivo.

Possam todos se beneficiar!

Destaque: criação original ChatGPT

Conteúdo revisado em 14/09/2025
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