Por que procuramos um oráculo e o que podemos esperar dele? Trago aqui como ponto de partida um vídeo do youtuber Otávio Albuquerque (Tavião) em sua primeira experiência oracular com Runas. Ele parece não ter familiaridade com espiritualidade ou artes divinatórias, tornando suas reações interessantes para comentar — não como resposta a ele, mas como orientação a quem se aproxima desse universo cheio de dúvidas e receios.
Expectativas ao consultar um oráculo
No vídeo, depois da consulta, Tavião confessa que ficou “muito bolado” e triste por se sentir fora do controle da vida. Essa reação não é rara. Muitas pessoas procuram um oráculo esperando boas notícias ou confirmações, mas ficam abaladas quando a leitura aponta dificuldades ou resultados diferentes do desejado.
O oráculo, no entanto, não é uma máquina de previsões. Ele mostra tendências e, sobretudo, ajuda a mapear o presente: pontos fortes, vulnerabilidades e o quanto suas atitudes estão (ou não) alinhadas com seus propósitos. É nesse espelho do agora que se projetam as possibilidades do futuro.
O incômodo de ouvir o que não se quer
Se todas as notícias fossem boas, ninguém se abalaria. Mas a vida não funciona assim. Às vezes a leitura revela uma situação sem solução, ou mostra que o otimismo atual não garante um desfecho feliz. Cabe ao oraculista transmitir isso com responsabilidade, e ao consulente, sustentar a frustração sem fugir da realidade.
Atendo com Tarot há mais de 20 anos e sei que não dá para oferecer somente promessas agradáveis. O que se pode fazer é transmitir a mensagem de forma clara, buscar caminhos de menor desgaste e preparar a pessoa para lidar com o que vier. Saber antes pode transformar um desastre em um tropeço administrável.

O futuro está escrito em pedra?
Não. O futuro é moldado por variáveis — externas e internas — que mudam o tempo todo. O que o oráculo mostra é uma projeção do presente. Como no exemplo de alguém que não passaria em um concurso por falta de preparo: a leitura aponta a tendência. Mas, se a pessoa decide estudar mais depois da consulta, o resultado pode mudar. O oráculo não errou, apenas revelou a fotografia de um momento.
Por outro lado, nem tudo é mutável. Existem situações que dependem de fatores externos ou de outras pessoas, e insistir pode significar perda de tempo e energia. Parte da sabedoria oracular é ajudar a discernir entre o que pode ser transformado e o que é inevitável, como na Oração da Serenidade.
Previsão, tendência e controle
Astrologia permite previsões mais objetivas, porque trabalha com dados fixos — é como saber que em janeiro faz calor. Já oráculos subjetivos, como Tarot e Runas, mostram panoramas de curto prazo (costumo dizer três meses) e dependem muito do movimento do consulente. Inclusive, só o fato de tomar contato com a mensagem pode mudar o caminho.
É comum também o dilema do “controle”. Tavião achou que as Runas tiraram dele a responsabilidade, quando, na verdade, o efeito é o oposto. O oráculo não decide nada: aponta direções e convida à reflexão. O controle absoluto nunca existiu — a vida é mistura de ordem e caos —, mas há sempre espaço para consciência e escolha.
O que fica para você
Consultar um oráculo não é receber uma sentença. É ganhar clareza sobre o presente e consciência de tendências que podem (ou não) se concretizar. É um convite a rever caminhos, ajustar rotas e desapegar do que já não faz sentido. O futuro não está escrito em pedra, mas ele será sempre consequência das sementes que você está plantando agora.
Possam todos se beneficiar!











